família
lorena
Ainda não temos carros voadores, viagens de passeio à Lua e, acredite, mesmo com tantas tecnologias sendo lançadas, as roupas não se estendem e guardam sozinhas após saírem da máquina de lavar – portanto, são apenas alguns anos à frente.
Hoje você não se preocupa mais com as madrugadas insones, com as regurgitadas na roupa limpinha, tampouco com o cocô explosivo que vaza até a nuca nos momentos mais inusitados.
As lembranças da mistura de corrida maluca com luta greco-romana pra troca de fraldas devem te fazer gargalhar.
Os barulhinhos dormindo não te assustam, não há mais uma lista imensa de perguntas na consulta pediátrica e você não lembra ao certo, mas as ninadas cansativas e infinitas acabaram tem bastante tempo.
Aquela posição torta e ingrata pra proteger o pequeno ser curioso, serelepe e cambaleante de todas as quinas e precipícios também não se faz mais necessária - a coluna sobreviveu com algumas avarias.
A destreza com que a cria segura o talher durante a refeição provavelmente lhe fará esquecer da bagunça e da insegurança na introdução alimentar. Ela pegará a própria fruta, tomará água sem insistência e irá dizer, sem nenhuma guerra, que está com sono e precisa dormir.
O "Manual da Mãe Perfeita" que você carregava foi jogado fora e, agora, tudo ficou mais leve seguindo o seu coração, as suas batalhas e a sua realidade.
Pode ser que o colo, antes requisitado à exaustão, não seja mais tão demandado.
E é isso. Você estará ali, em alguns momentos, sendo mera espectadora.
O “tudo passa” vai ecoar vez ou outra em seus pensamentos e, num piscar de olhos, quando menos esperar, irá repeti-lo com um sorrisinho saudoso a uma mãe recém-nascida – e, pra ela, assim como hoje pra você, esse mantra nem sempre servirá de alento.
O tempo é implacável e, aqui do futuro, não posso assegurar que vai ficar mais fácil, mas trago um abraço apertado e uma certeza: o seu bebê irá crescer e se transformar e, não ao acaso, VOCÊ também!
Texto da leitora: @camilaperessin