\ como nascem as memórias

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Esses dias eu li um texto num Instagram que amo muito da Rafaela de Carvalho que fala de um ditado americano famoso o qual nos lembra que temos 18 verões com nossos filhos. Sentei e chorei. Isso mesmo. Meu filho mais velho - que ainda é um filho pequeno - tem míseros 13 verões ao meu lado. O que são 13 verões? Quantos deles colecionaremos memórias de verdade? Daí fiquei pensando...

COMO NASCEM AS MEMÓRIAS?

O que estou fazendo para que sejam memórias saudosas e... mais! O que eu faço para merecer participar dessas memórias?

Fotos de celular do nosso arquivo pessoal. Nem todos as memórias nos dão tempo de pegar uma câmera profissional. Infelizmente, né?

Memórias. Pra mim, memória é o nome que damos ao que resta da infância de um adulto. Se eu tivesse que conceituar essa palavra hoje, mais do que nunca, seria assim que eu faria! Principalmente depois que virei mãe, a famosa frase "tudo passa" começou a realmente a martelar na minha cabeça e eu comecei a assumir um papel que eu estava negando há tempos, mesmo com a minha profissão de eternizar as coisas.

Ser a responsável pela história de duas PESSOAS que ainda não fazem ideia do quanto vão sentir saudade de tudo que estão vivendo. Crescer dá saudade. E pra gente dar conta disso, o tempo precisa passar.

Sejamos sinceros. A gente se preocupa com alimentação, BLW, papinha, quarto montessoriano ou não. Investe em plano de saúde, consultas mensais no pediatra. Anota o peso e altura da criança todo santo mês, a data que nasceu e que caiu o primeiro dente. Guarda os primeiros fios de cabelo cortado. Lembra se foi mamãe ou papai a primeira palavra. Temos um dicionário mental daquelas palavrinhas fofas que eram faladas errado. Quanto e o que você daria/faria para poder viver aquele momento mais um diazinho só com seu filho ainda bebê. Olhe pra ele hoje, vai. Ele anda e já fala o que quer (e principalmente o que não quer). Ele tem vontades, ele não te quer na festinha do colégio mais. De repente ele te pede pra dormir na casa de um amigo no final de semana todo. Quando foi que cresceu? Não vi crescer, o tempo voa. Já percebeu que todo mundo fala isso?

Por que a gente se preocupa com tanta coisa e esquece de cuidar das memórias?

Eu era uma menina de 5 anos pulando na cama do meu pai enquanto ele fingia dormir. De repente, aquele homem de peito cabeludo (que aqui abro parênteses pra lembrar que o peito dele foi, muitas vezes, uma floresta pros meus geloucos) acordava feroz, me atacava com incansáveis cócegas que eu lembro de não aguentar mais a dor na barriga de tanto rir e gritar "páaaara". Eu escondia, esperava a fera adormecer, eu subia de novo, sem nenhum cuidado porque, no auge dos meus 5 anos, eu não sabia nada, mas uma certeza eu tinha: com aquele meu tamanho, eu não precisava me limitar, me preocupar, porque eu não machucaria aquela fera da cosquinha. Eu era livre.

Qual é a sensação que restou da sua infância? Sensação física mesmo.

A minha é a liberdade. E me arrisco a dizer que nunca mais na minha vida INTEIRA me sentirei livre assim de novo. Hoje não caio sem medo de machucar, não corro sem, pelo menos olhar se vem um carro passando. Se você me der tinta e me disser "faça o que você quiser"... não saberei o que fazer. Talvez farei um sol, uma montanha, algumas nuvens. Tentarei não sujar as mãos e a roupa. Não sou mais o que eu era antes, entende? Virei adulta. 

Tenho pensado muito em como tenho exercido o meu papel para gerar memórias para meus filhos. Não só para lembrarem de mim - isso também importa muito pra mim!! - mas principalmente pra que eles tenham vontade e força e energia para gerarem memórias para os filhos deles quando essa hora chegar.

As memórias nascem da LIBERDADE de ser. Do RESPEITO pelo o que se é. E principalmente pelo vínculo real criado nos momentos que se liberta e respeita. E nós pais temos um papel tão, tão importante. Nossos pequenos nos querem. E, sabe? Temos que aproveitar enquanto eles ainda nos querem. Por que nunca mais seremos amados dessa forma tão pura e incondicional como somos hoje.

Temos uma vida inteirinha de adultos pela frente. Que a gente saiba deixar eles aproveitarem a fase da infância que tem fim. Porque a fase adulta não acaba nunca.

Você pensa como eu e compartilha dos mesmos sentimentos loucos que essa tal de maternidade traz?

Vamos bater um papo e deixar tudo isso guardadinho pro seu pequeno!! Afinal, quando toda essa rotina passar, tudo que eles vão querer (e nós também) é conseguir de alguma forma voltar no tempo.

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