gestante
clarice
Você doa o seu sono às 2 da manhã e depois às 3, às 5, e às 7.
Você doa o seu corpo. Seja para gerar um bebê por nove meses, para alimentá-lo por mais alguns, carregá-lo por alguns anos, ser colo por muitos.
Você doa o coração, a mente, os braços, e claro, as mãos. Mãos para embalar, para fazer carinho, aviãozinho, cafuné.
Mãos para ajeitar os cabelos, dar banho, benção, para puxar o cobertor.
Mãos que amarram cadarços, que arrumam a gola da blusa, que dão empurrãozinho na bicicleta, que colam band-aid e que ajudam a limpam bumbuns.
Você doa a sua tranquilidade. Seja porque o bebê está doente, ou porque o adolescente tem feito más escolhas, ou porque o do meio não está comendo bem.
Você doa a sua paz com coisas até então corriqueiras, como o tempo que esfriou sendo que o casaco ficou esquecido em cima da mesa, os alimentos orgânicos, a educação, a segurança, os ingredientes do protetor solar, as amizades.
Você doa pedaços da sua liberdade. Doa alguns dos seus sonhos. E aos pouquinhos os retoma, ao descobrir que o SEU bem estar não é mais somente SEU e não impacta apenas você.
Você doa muitas e muitas coisas que poderia estar fazendo só por si, mas que hoje as faz também por vocês.
Você doa detalhes e situações que não cogitava abrir mão. Doa às vezes com raiva, às vezes com choro. Porque doar nem sempre é bom.
Ter um filho é dar um tanto de si.
E ainda assim amar.
Autora: @rafaelacarvalhoescritora