gestante

ravi


Existe essa pressão para separar mãe e filho, o quanto antes. Um bebê precisa, rapidamente, se tornar emocionalmente independente.⠀

Dar colo, fazer carinho, balançar, aconchegar, são coisas que estragam.⠀

“Olha menina, você está acostumando mal esse bebê. Assim ele só vai querer saber de colo!”⠀

Spoiler: tenho em casa um de 16 e não sei o que acontece. Ele se recusa a ser carregado e não é de hoje!⠀

Pois bem, reza a lenda que não podemos “acostumar mal” um serzinho que nunca sentiu frio, calor, fome e que, provavelmente, ainda nem sabe que nasceu. ⠀

Por outro lado, “acostumar bem” é ensinar um recém-nascido a se virar sozinho, pois a vida é dura e quanto antes aprendemos essa lição, melhor. Afinal, é importante saber que as nossas emoções são nossas e de mais ninguém. ⠀

Estranho pensar que essa crença perdura por gerações e gerações, apesar de ir na contramão de tudo o que a ciência diz.⠀

Abrace, enxugue lágrimas, cheire a nuca, cante, passe os dedos pelos cabelos e vá contornando até a voltinha da orelha. Carregue no colo, no sling, embale na cadeira de balanço. Não perca oportunidades de demostrar o seu afeto.⠀

E não pare nos primeiros meses. ⠀

Faça cafuné no de 2 e no de 8 também. Dê beijos estalados de bom dia. Encoste o seu menino no peito, a qualquer hora da tarde. Abaixe-se para que corram em direção ao seu sorriso. ⠀

Com o tempo, inevitavelmente, seu filho ganhará o mundo sem você. Não caberá nos seus braços. Não fará questão de contato físico. Não precisará enxergar a sua cabeça balançando, esperando pela confirmação de que ele está no caminho certo. ⠀

Eu te garanto que uma hora (e essa hora é sempre cedo demais), seu pequeno seguirá em frente sem precisar das suas mãos ou do seu olhar. Ele andará sozinho, com passos firmes. E será movido não por desespero, por falta de opção ou por necessidade. Não pela independência superficial que, muitas vezes, reveste inseguranças e lacunas, mas pela confiança. ⠀

Pela coragem. Pelo poder da conexão. Pela sensação de pertencimento. Pela força invisível dos abraços, dos beijos, da presença e das juras silenciosas que hoje, desafiando o mundo, vocês ousam trocar.⠀


Autora: @rafaelacarvalhoescritora